Valdeck Almeida de Jesus
O poeta da verdade!
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JOSÉ ABBADE É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

O carioca baiano (ou baiano carioca) José Abbade é publicitário e poeta, pós-graduado em Docência do Ensino Superior (ABEC) e graduando de Letras na Universidade Católica do Salvador - UCSAL. Integrante do Grupo músico-poético CANTO IN VERSO e autor do livro “Bagagem de Mão – poesia em verso e prosa”. Além de trabalhar na área de comunicação, desenvolve oficinas e cursos de poesia falada, recitais e saraus, através do seu projeto “Bem-dita Poesia, os deslimites da palavra viva”, além de alguns “pitacos” em produção de shows e eventos.
Abbade iniciou a arte de dizer poesia em Oficinas realizadas pela poeta e atriz Elisa Lucinda, no Rio de Janeiro, de 1998 a 2002.  De lá pra cá, ministrou oficinas e minicursos em diversas instituições: UCSAL, SESI, FAMFS, CEPA, PROLER-Camaçari, entre outras.

VALDECK: Quando e onde nasceu?
ABBADE: Copiando a abertura do meu livro:

Numa noite de verão, em meio a brisa do mar e aroma de dendê, fui concebido. Nove meses depois, Niterói me viu pela primeira vez e me acolheu até os 30 anos.”

Ou seja, fui feito na Bahia, durante umas férias dos meus pais e, 9 meses depois, nasci no Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente em São Gonçalo, município vizinho de Niterói, no dia 24 de setembro de 1975 às 15:50. Vovó Celina, minha avó paterna que morava em Salvador, enfrentou quase 2000 Km de ônibus para acompanhar meus primeiros dias.

VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
ABBADE: Conheço algumas capitais, como Rio de Janeiro (risos) Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Aracaju e Maceió. Não sou arquiteto, mas gosto muito de interiores. No Nordeste, a peculiaridade de cada cidade do interior é muito rica. No Rio, Minas ou São Paulo, que conheço várias cidades, não percebi tantas diferenças entre cidades do interior.
Lembro-me que, em 2005, quando vim morar em Salvador, na minha sala de trabalho tinha um mapa da Bahia, com todos os municípios. Achava incrível aquelas cidades todas, com nomes diferentes. Comentava com os colegas que gostaria de conhecer cada cidade da Bahia... Ainda faltam muitas... Um sonho local é conhecer a região de Sobradinho.  No âmbito internacional, ainda não saí do país.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
ABBADE: No sentido literal, comecei a escrever aos quatro anos. Minha mãe, professora, me levava às vezes para o colégio onde trabalhava. Sempre fui muito observador e prestava atenção nas aulas dela, grande alfabetizadora. Um dia, ao aplicar um teste aos alunos, ela me deixou com a professora da sala ao lado. Quando a moça perguntou quem sabia escrever as vogais, eu levantei a mão. Ela me chamou no quadro, achando até engraçada a cena. Mas para a surpresa de todos, eu fiz todas as vogais (sem controle motor nenhum) e minha mãe ficou até emocionada quando a chamaram para ver. Assim, desde novo, sempre gostei de escrever: cartinhas de amor, bilhetes carinhosos, cartões, mensagens de aniversário, etc... Mas meu primeiro poema fiz aos 14 anos, chamado “Um pássaro”.
 
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
ABBADE: Primeiro, não consigo ver diferença entre “poesia” e “prosa”. A diferença, para mim, está entre “verso” e “prosa”. A poesia está presente nos versos, nas prosas, nos papos e botecos...
Eu não considero minha obra nem como ficção nem como realidade... Às vezes, dou cunho universal a algo pessoal, outras vezes, o inverso, mas acho que nunca escrevi alguma ficção. Nem mesmo “minhas memórias póstumas”, uma crônica que fiz na adolescência, eu vejo como uma ficção...

VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
ABBADE: Sinceramente, a maioria do que escrevo sai naturalmente, sem racionalidade. É claro que, às vezes, uma adequação vocabular não faz mal a ninguém, além de dar um ar novo à poesia. Adoro usar palavras que estão guardadas pelas gramáticas e vem sendo pouco usadas. Assim, quando posso, retiro o bolor daquela palavra escondida e a emprego em um dos meus textos.

 
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
ABBADE: Não tenho uma lógica, nem uma linha a seguir... Em geral, escrevo sobre acontecimentos, sentimentos...

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
ABBADE: Já passei por poucas e boas por causa da poesia. Uma ocasião, perto do reveilon, senti que “algo queria sair” através de palavras. Na época, estava de férias em Salvador. Rodei toda a casa e não achei nem caneta, nem lápis, enfim, nada que pudesse registrar aquele turbilhão.
Na mesma hora, bati na casa de uma vizinha (que não conhecia) e expliquei a situação. Para a minha sorte, ela também gostava de poesia e me deu duas canetas, caso uma falhasse...
Outra ocasião, muito marcante, foi em Itabuna, quando me deparei com o rio Cachoeira totalmente degradado. Estava numa caminhada matinal, por volta das 7 da manhã e o comércio fechado. Fiquei às voltas com o poema na cabeça até conseguir papel e caneta em uma banca de revistas.

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
ABBADE: Difícil elencar. Mas gosto muito de um verso do poema “Aviso” que, para mim, reflete o meu jeito de ser: “remoer cinzas não constrói castelos”.

VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
ABBADE: Raramente reescrevo. Algumas vezes, como disse lá no início, substituo algumas palavras, neologismos... mas confesso que alguns foram sumariamente abandonados “no meio do caminho”.

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
ABBADE: Sinceramente, não sei dizer. Como não sou muito prosaico, meus poemas, prosas e crônicas são curtos.


VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
ABBADE: Sim. Duas vezes (rs). Sou formado em Publicidade e Propaganda e, atualmente, curso Letras na Universidade Católica. Já atuo na literatura com oficinas de poesia falada, shows e recitais.  Mas pretendo, com a Licenciatura em Letras, atuar na docência da Literatura Brasileira.


VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
ABBADE: Sem sombra de dúvidas, Elisa Lucinda. Admiro a garra dessa mulher que consegue “viver de poesia”. Aprendi com ela a recitar poemas e olhar melhor para a poesia. Ela é a principal responsável por eu amar tanto a poesia. Dentre os clássicos, Mário Quintana possui uma meninice inigualável no seu poetar e eu o admiro muito por isso.

VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
ABBADE: Para um autor escrever bem, antes de mais nada, acredito na Leitura. Através da leitura, acessamos diferentes universos até nos encontrarmos em nosso próprio universo. Além da leitura, acredito que um escritor é um excelente observador do cotidiano e, através do sentimento, extrai novas nuances para o dia-a-dia.

 
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
ABBADE: Não. Nada contra quem usa pseudônimo. Mas, tudo o que faço, costumo “assinar embaixo”, inclusive, os textos.

VALDECK: Como foi a tua infância?
ABBADE: A minha infância foi muito rica de imagens, cores e sons. Sempre fui muito comunicativo e, às vezes, minha mãe é quem sofria com isso, pois era chamada no colégio porque eu falava demais... Seria impossível registrar tantos momentos marcantes. Lembro-me de fatos ocorridos quando eu tinha quatro anos! Tudo o que sou hoje, agradeço a minha família. Foi uma convivência muito rica e proveitosa. Houve conflitos, como em qualquer família, mas nunca me lembro de ter sido tratado com indignidade. Meus pais sempre demonstraram (e ainda demonstram até hoje) grande amor por nós. E o mais engraçado disso tudo é que, aos 36 anos, ainda me vejo criança. E peço a Deus que eu nunca abandone a minha criança interior.

VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
ABBADE: O trabalho artístico pra mim é a melhor diversão. Atualmente, tenho me dedicado mais ao trabalho na área de comunicação, de onde obtenho meu sustento. Mas o trabalho poético sempre põe suas manguinhas de fora. Até mesmo na Comunicação, às vezes, ele aparece...

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
ABBADE: Na verdade não foi um texto. Foi uma entrevista que dei para o site aqueimaroupa em 2009, do qual, a posteriori, passei a fazer parte. A jornalista Flávia Vasconcelos, num bate-papo na livraria LDM, com um gravador do lado, conseguiu algo de magnífico: sem me perguntar nada, eu respondi tudo... espontaneamente... como se fosse uma catarse, uma regressão... Ao ler a entrevista, fiquei muito feliz, pois vi que, além de jornalista, ali também estava uma grande poeta.

VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
ABBADE: Sou publicitário, tenho minha empresa na área de comunicação visual, serviços gráficos e criação. Além disso, ministro cursos e oficinas de poesia falada, participo de um grupo músico-poético, o Canto in Verso, além de fazer parte do CEPA (Círculo de Estudo, Pensamento e Ação).

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
ABBADE: Difícil pergunta, uma vez que a maioria dos meus textos é mais do âmbito da espontaneidade. Mas acredito que nossos valores são passados para os nossos textos. Mesmo que inconscientemente.

VALDECK: Qual sua Religião?
ABBADE: Fui criado nos ensinamentos da Igreja Batista Tradicional e lá pedi meu batismo aos sete anos. Atualmente, não frequento nenhuma religião, mas mantenho a minha fé em Deus. Se fosse seguir alguma religião, ainda seria a Batista Tradicional, pois é a que verdadeiramente toca a minha alma.

VALDECK: Quais seus planos como escritor?
ABBADE: Nunca fui muito bom em planejamentos... É um defeito que não sei se mudará. Na faculdade, nos cursos de aprimoramento, no dia-a-dia, enfim, em todos os âmbitos, tenho dificuldade de planejar. As coisas mais importantes de minha vida vieram sem planejamento. Mas tenho um sonho como escritor: Ver um (ou mais) de meus poemas musicados. Não precisa tocar nas rádios. Mas queria sentir esse prazer de unir música à minha poesia.

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 03/02/2012
Alterado em 03/02/2012
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